Quantos meses passaram em branco?
Viramos dois estranhos.
Sim, faria tudo de novo. Diria tudo de novo. Assim como tenho certeza que se você voltasse no tempo, também faria tudo da mesma maneira.
São escolhas que fazemos e nos marcam para sempre, como cicatrizes expostas na pele.
Queria falar, mas as palavras não saem perto de você. Criei um bloqueio. Mágoa me impede de me aproximar assim como a sua também te impede.
Preciso falar, preciso que saiba, porque eu não aguento...
Que saudades que eu sinto de você!
Puxa vida...
Nunca pensei que algo corroesse tanto como essa saudade faz com meu coração.
Aqueles domingos de manhã em que acordavamos; pegavamos um copo de leite com café, daquele jeito que você sabe que eu adoro; eu sentava em seu colo, copo de leite numa mão, jornal na outra; tão simples, tão natural.
Ou então, quando eu insistia que conseguiria bagunçar seu cabelo, mesmo ele não saindo do lugar.
Fazer montinhos em cima da sua barriga, até você ficar vermelho de tanto rir.
Todos aqueles apelidos que trocavamos numa disputa de quem seria o mais original, o mais engraçado.
Lembra de quando você me buscava na escola?
Como eu gostava de ver você lá, me esperando, me levando pela mão até em casa, sempre me comprando algo pelo caminho (mesmo quando não tinha muito dinheiro).
E quando a gente bebia juntos! Quantas risadas!
Sinto falta daquele abraço apertado (o de ursão); até daquelas broncas de fim de tarde, quando eu bagunçava demais na aula e a professora reclamava.
Sinto falta das palavras.
Sinto falta do carinho.
Doi te ver e não poder dizer isso.
Que saudade.
E a primeira vez que te vi chorando então!!
Não! Você não chora! Só eu posso chorar porque é você quem me consola!
O chão abriu e me engoliu aquele dia.
Me tirasse qualquer um. Qualquer um. Menos você.
To cansada desse amargo.
To cansada dessa distância.
To cansada dessa sua falta.
Volta...
...Pai
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